Esta é a minha história e acho que devo compartilhar com vocês toda as aventuras vividas nesse espaço de 20 anos como imigrante brasileiro, baiano na Europa. Todas as aventuras, alegrias, desilusões, dificuldades, facilidades, descobertas e uma infinidade de coisas que ocorrem na vida de uma pessoa, que opta por abandonar o seu país, a sua família e ir tentar a sorte em um mundo completamente diferente em termos culturais, sociais e humano. As dúvidas que nos acompanha, um certo medo e insegurança e a incrível capacidade de ao nos encontrarmos em uma situação muito complicada, desenvolvermos capacidades que antes nos era desconhecidas, desenvolver um auto conhecimento, conhecemos a nós próprios, descobrimos capacidades em que jamais imaginávamos que possuíamos o extinto e a tendência humana de sobrevivência que nos leva a encontrar sempre uma saída para tudo, mesmo quando parece não haver.
Espero que gostem de tudo que vão ler e que esse historia venha incentivar muitos os jovens...
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Itália, Veneza
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a tomar uma decisão nas suas vidas, decisão essa que julgo indispensável a evolução de um cidadão seja em termos humanos, social e financeiro. Acredito se todos tomassem uma decisão como essa, teríamos um mundo bem melhor e equilibrado pelo fato de experiências assim, ajudar a pessoa e ver o mundo de uma forma mais responsável e amadurecida. Quando presenciamos culturas como a alemã em que algumas famílias ao filho completar a sua maioridade, abrem a porta de casa e dizem, " já fizemos tudo que devíamos, te damos educação, conhecimento e capacidades de sobrevivência, agora vá viver a sua vida". Na nossa mentalidade latina e carregada de emotividade, consideramos um ato desumano e frio, quando no fundo analisando de forma mais pragmática e realista, concluímos que é a melhor coisa a fazer para que o jovem futuramente possa ter uma vida responsável e amadurecida, e possa ser um ser humano com boas qualidades e capacidades para enfrentar as adversidades que surgem na vida.
Quando analisamos o caso de forma contrária e presenciamos jovens e até mesmo homens entre 30 a 40 anos vivendo na casa dos pais, com uma vida totalmente sem objectivos, numa dependência total que acaba por levar muitos jovens a entrar no mundo das drogas, dos vícios, da violência e de uma series de comportamento que desvirtuam o ser humano, levando-o a um caminho sem retorno e cheios de problemas. A necessidades extintivas dos pais em proteger e dar tudo o que o filho necessita com a pura sensação de que está fazendo a coisa de forma correta, dando amor, atenção, alimentado os seus caprichos, levam depois a interrogarem-se de o que fizeram de errado, quando encontram o filho perdido na vida, envolvido com drogas e violências. Todo esse excesso de protecção impede que o jovem vá buscar dentro de si as suas reais capacidades, impede que possam conhecer a si próprio e manter a mente ocupada com as suas necessidades extintivas de crescimento e evolução como ser humano. Situações como essa nos faz pensar quanto a eficiência social dessas formas de educar de determinadas culturas.
Itália, Nápoles
Sou um simples brasileiro que residia em Salvador, Bahia, e desde a minha época de ginásio sonhava em sair pelo mundo, mim aventurar, conhecer novos povos, costumes gastronomias. Quando assistia os filmes americanos ficava maravilhado com as paisagens, com a forma civilizada e a qualidade de vida típica dos povos do considerado do 1º mundo.
Único filho homem com 3 irmãs, 2 mais velhas do que eu e uma mais nova. O meu pai era aposentado da Petrobrás tínhamos uma vida simples sem muitos luxos, mais nada nos faltava, era aquela típica família de classe media brasileira, com casa própria, uma vida equilibrada e todos os filhos estudando e concluído o 2º grau. As minhas duas irmãs mais velhas ainda tentaram entrar para a faculdade mais começaram a trabalhar, e o salário suficiente para os pequenos luxos, acabou sendo responsável pelo total desinteresse em seguir uma carreira profissional, ou seja, estudar bastante e depois acabar atrás de um balcão de uma loja, como é muito comum no Brasil.
Terminei o 2º grau muito cedo, aos 18 anos já estava mim formando em um curso técnico de administração de empresa, acho que esse curso só foi para completar o 2º grau, porque nunca tive nenhuma vocação para essa profissão, em termos de conhecimentos e capacidade para administrar alguma coisa, eu mal conseguia administrar o pouco que ganhava. Bem, na realidade acho que estou sendo um pouco exigente de mais, porque graça a esse curso,acredito que influenciou um pouco a minha performance em termo das exposições de arte que passei a realizar.
Fui sempre um apaixonado pelas arte, Passei toda a minha infância revelando a minha ligação para com a arte, a minha paixão e a enorme necessidade de aprender, levava-me a constantes manifestações artísticas desde fazer desenhos nos cadernos e livros escolares menos indicados para os temas, como desenhar em paredes, chão, portas e onde a inspiração mim levasse.
Itália, Roma
Quando passei a dominar a técnica da pintura a óleo, ou seja, passei a fazer um trabalho mais comercial, procurei a administração de um grande shopping em Salvador e solicitei um espaço para expor os meus trabalhos. Não foi difícil, consegui um excelente espaço que era destinado as manifestações artísticas, espaço esse que aproveitei bem. O resultado foram alguma vendas que impulsionaram-me a continuar. Depois comprei um carrinho usado uma prancha de surf e levava uma vidinha típica de filhinho da mamãe que só queria praias e namoradas.
Piazza San Marco, Venezia, Itália
Itália, Veneza.
Em um país conhecido internacionalmente como subdesenvolvido, em que o povo luta dia a dia para sobreviver e ter o mínimo de qualidade de vida, faz um cidadão pensar no que seria a vida em outro país, em um país considerado primeiro mundo. Terminado o meu 2º grau como todo jovem brasileiro, busco entrar para faculdade. Visando como sempre o sucesso financeiro, a maioria procura a área profissional que prometa dinheiro e sucesso, área profissional da qual damos grande atenção a sua facilidade de arrumar emprego e vir a se tornar um profissional realizado.
Itália, Coliseu Romano
Com uma grande paixão pela arte, tornavas se bem claro que no Brasil não iria conseguir grandes realizações, não falo em ficar famoso em ter muito dinheiro, não de forma nenhuma, o meu objetivo era poder viver da arte. Aos 17 anos procurei aprender a pintar óleo sobre tela, já possuía uma boa técnica de desenho e aliado a pintura a óleo tinha certeza que obteria bons resultado. Bem quanto ao vestibular a tentativa de entrar para a faculdade não foi muito boa. Dias depois da prova do vestibular sou acordado de manhã cedo pela a minha irmã mais velha, toda feliz com um jornal nas mão, dizendo que eu tinha sido aprovado no e embora bastante sonolento disse para ela mim deixar dormir e não mim incomodar, porque eu tinha certeza que não era possível. Mais depois de muita insistência, E sentir o jornal encostado no meu rosto, cheguei a conclusão que seria melhor acordar e verificar a autenticidade das sua palavras. Fiquei completamente pasmo, pelo fato de ter consciência da péssima prova que havia feito de matemática, mais afinal lá estava o meu nome.
Portugal, Serra da estrela.
Depois dessa desagradável situação perdi mais ainda a credibilidade no meu país. Voltando a parte do meu interesse em aprender a pintar a óleo sobre tela fui a frente com esse objectivo nessa altura como sempre o Brasil estava com sérios problema económicos, mais mesmo assim eu conseguia realizar exposições de arte em varias partes. Na altura era muito fácil conseguir autorização para expor nos Shopping Center. Naquele tempo os Shopping facilitavam bastante permitindo que ocupacemos um espaço do qual geralmente era atribuído as manifestações artísticas, já que havia uma lei qualquer criada pelo governo que facilitava a vida das empresas que patrocinavam as manifestações artística, e eu mim aproveitava bem disto.
Holanda Amsterdam
Imaginava passeando pelas aquela s rua magnificas, aquelas roupas típicas de países frios, os casacos de couro que eu achava fantástico, agora imaginem vivendo em Salvador com a temperatura que faz usar um casaco daqueles, impossível. Ou seja viver no estrangeiro era o sonho de todos os jovens naquela altura. Estava ocorrendo uma grande saída de pessoas para o estrangeiro, todos em busca de um sonho.
Holanda, Roterdam
Conheci uma garota que era bem mais velha do que eu, muito determinada, que falava o tempo todo em realizar o sonho de ir viver nos estados unidos, na altura eu tinha 21 anos e ela 32, pelo menos foi o que mim disse. Era muito inteligente e nos conhecemos em uma exposição de arte que eu estava participando no Museu de Arte da Bahia em Salvador no Largo da Vitoria, já não mim. Como disse a natureza parece que conspira colocando aquela garota na minha vida. Começamos a sonhar juntos em ir para os Estados Unidos. Ela começou a trabalhar comigo nas exposições, ensinei tudo que sabia em termo de organizar exposições, de encontrar um espaço, conseguir patrocinadores para as vernissagens, preparar os convites, e tudo mais. Mais como vocês devem imaginar, as relações nessas idades não costumam durar muito, como era muito comum nas minhas relações anteriores, mais devo confessar que com ela durou muito mais do que era comum, acho que devido a sua cabeça o amadurecimento veio contribuir para isso.
Holanda, os moinhos.
Fiquei um bom tempo sem ter noticias da dela, até que um dia recebi um cartão postal de Washington Estado unidos, finalmente ela tinha realizado o seu sonho e estava morando nos States.
Eu fiquei feliz por ela ter conseguido o que tanto sonhava e sabia que eu também teria que lutar para conseguir o mesmo, caso contrário, iria acabar passando toda a minha vida no Brasil.
Portugal, Serra da Estrela.
O dinheiro que eu possuía permitia comprar a passagem ida e volta e sobravam mais mil dolares para eu sobreviver, como a passagem era ida e volta, eu tinha a segurança de que se a coisa ficasse preta, eu apanharia o primeiro voou de volta. A passagem tinha 2 meses de validade para retorna ao Brasil.
Então tirei o passaporte e enviei par o Rio de Janeiro, já que em Salvador não havia consulado americano e o visto tinha que ser pedido no consulado do Rio. passado algum tempo recebo o passaporte com o visto negado. Era muito difícil entrar nos Estados unidos naquela época, como acredito que ainda hoje seja difícil para um jovem brasileiro. Quando se tratava de um jovem, eles sabiam que a possibilidade desse jovem se tornar um imigrante ilegal era grande, pelo fato de ser novo e ter garra para trabalhar e viver nos Estados Unido. Para um jovem conseguir o visto tinha que provar ao consulado americano que havia razões de sobra para retornar ao Brasil. ou seja, era necessário ter um bom emprego e uma vida profissionalmente equilibrada. Bem, com relação ao bom emprego, embora para mim fosse, mais para eles não, eu tinha tudo para ser um imigrante ilegal, na altura não revelei que era artista plástico, se o tivesse feito teria piorado mais ainda a situação.
Portugal, Serra da estrela.
Não pensem que desanimei, decidi mudar de planos e apontei para Europa. Eu tinha um grande mapa, um atlas, que mantinha no meu guarda roupa, tinha sempre o habito de apanha-lo abria-lo em cima da mesa e ficava visitando o mundo através dele, acho que deve haver muita gente com esse hábito, ou melhor, havia, porque hoje em dia com a Internet já é possível fazer isso com muito mais realismo,. Naquela altura não havia Internet e nem os computadores eram tão acessíveis como são hoje., era tudo mais complicado, mais mesmo assim foi curtido, ficava horas olhando aquele mapa e criando trajectos de viagem.
Holanda, Amsterdam em miniatura.
Próximo a minha casa havia e há um grande Shopping Center, e eu passei a ir la quase todos os dias´visitar uma livraria que possibilitava ler-mos os livro confortavelmente sem ser necessário compra-los, como já é muito comum hoje em dia, Tinha uma sala grande, com cadeiras e sofás, e eu passava horas lá estudando e mim informando de tudo relativo a Portugal e Europa. Ficava fascinado com a França, Paris era um local de sonho, já que representava o berço das arte mundiais, e eu acreditava que conseguiria sobreviver lá sem problemas. Uma coisa tenho que afirmar, eu era muito ingénuo, quando escolhi ir para Portugal, os seja, para Europa escolhi o pior período do ano, finais de Fevereiro uma altura do ano em que a temperatura costuma ser muito baixa. Não mim passou pela cabeça que o inverno Europeu nessa altura fosse tão rigoroso. mais para um baianinho criado em beira de praia, que nunca soube o que era frio, viajar para um país justamente nesse período, mim fez descobrir que o inferno afinal era frio.
Bem, finalmente chegou o dia em que comprei a passagem, era para Lisboa, foi pela companhia air América, curioso o continente que eu pretendia conhecer no inicio e que mim foi negado o visto.
Os amigos mim perguntavam, e ai, o que você vai fazer quando chegar la? qual é o seu plano? Eu praticamente não tinha plano nenhum, e evitava pensar muito nestas coisas, acreditava que se começasse a mim interrogar, ia ser pior, porque acabaria por realizar uma a viagem sobre uma pressão maior, então a melhor maneira era não pensar. Não é que houvesse a hipótese de desistir, não, de jeito nenhum, eu estava mesmo decidido, era algo no meu intimo, mim impulsionava, algo profundo, uma voz que dizia vai, não pense, mesmo tendo em volta toda a pressão e dúvidas de quem vai para um mundo totalmente desconhecido, com hábitos totalmente diferentes, eu encarnava um personagem meio suicida, disposto a encarar o que aparecesse, e acreditem apareceu muita coisa. A noite quando eu ia dormir e já tinha a passagem comigo, passava um bom tempo olhando para ela e sabendo que os dias estavam passando e em breve eu teria que usa-la, era fantástico, depois de estar na cama, e quando começava a aparecer as perguntas em minha mente, eu simplesmente evitava pensar.
Espanha, Madrid
Acho que uma pessoa para se enfiar numa aventura dessa, tem que ter um enorme senso de aventura, eu simplesmente não tinha ninguém que esperasse por mim em Lisboa, nem se quer no Brasil não havia nenhum amigo que pudesse mim dar uma força para que eu enfrentasse essa hipotética loucura com mais tranquilidade, muito pelo contrário, o que eles diziam era, você tá louco cara! você vai morrer lá longe da sua família! Engraçado que isso ao invés de mim assustar, até dava mais adrenalina, eu acho que eu era mesmo doido, hoje quando mim imagino naquela situação, sem conhecimento nenhum, um garoto que sempre viveu sobre a protecção dos pais, não sabia fazer nada, nunca tinha lavado uma roupa, nunca tinha feito nem se quer um café, não sabia se quer dobrar uma roupa, e estava mim atirando em um mundo totalmente desconhecido do qual iria mim exigir muita coisa que eu não sabia, e olha que exigiu! Foi de doido.
Finalmente chegou o dia da viagem, era um mês de Fevereiro, ou seja estava a minha espera um frio de lascar em Portugal, e eu nem fazia ideia do que mim esperava, acho que naquela altura eu acreditava que depois de Dezembro e Janeiro o tempo não seria assim tão frio, já que costumava ler nas revistas e nos livros do shopping, que Portugal não era um país com temperaturas muito baixas no inverno, em relação ao resto da Europa, mais para um baiano era muito frio.
Madrid.
Espanha, Madrid
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Colé Anildão!
ResponderExcluirEstou acompanhando o blog das suas aventuras europeias. So desse jeito pra saber o que voce tanto fazia e ainda faz no velho continente!
Grande abraço de seu primo Tiago
Obrigado amigo. Espero que goste!
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