Alemanha, Stuttigart
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Chegando ao Brasil, ao sair pela porta do avião, recebi um abraço quente da minha terra, a temperatura como sempre muito alta, aquilo me fez um bem fantástico, adorei está em Portugal, tive experiências fantásticas, mais o meu país é realmente um paraíso. Já tinha saudades do sorriso das pessoas, do bom humor, da forma carinhosa de tratar uns aos outros, que geralmente fazem os turistas pensarem, que por trás daquele sorriso amável existe interesse, não, essa gente sabe mesmo ser simpática. Essa experiência me fez entender que todos os lugares possuem os seus bons e maus atributos, mais uma coisa é certa, tratando-se do factor humano, o Brasil e a América latina são fantásticos. Digo América latina por que retornando a Portugal acabei passando na Venezuela, mais uma aventura inesperada, já logo vos conto.
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Passei um mês no Brasil e estava na hora de volta para Portugal, quando sai de lá comprei uma passagem de ida e volta só para me lembrar que deveria voltar. Confesso que já tinha saudade de Portugal, o Patricy mim enviou uma fotografia do castelo de São Jorge, do qual atrás ele escreveu. Está a sua espera! Aquilo me deu uma vontade de rever o castelo, que mim fez passar contar os minutos. O curioso é que era uma sensação esquisita, eu ao mesmo tempo que queria voltar a Portugal, havia um outro lado em mim que queria ficar no Brasil, mais ai entrava o lado racional, se eu ficar no Brasil, já não ia ter o ensino intensivo de vida que tive ao estar em Portugal, em 9 meses que estive lá, aprendi por pelo menos 10 anos, devo salientar que grande parte da aprendizagem estava relacionada a tragédia humana, ao flagelo da droga, e também evidentemente as diferenças sociais e culturais de um povo. Foi incrível o efeito colateral que surgiu em mim depois dessa experiência em Portugal. Eu já não mim sentia o mesmo, estava estranho, estava frio, já não era aquele garoto sorridente, brincalhão e com um espírito ingénuo. Perdi um pouco a fé nas pessoas, depois de ter visto tantos problemas em Portugal referentes a drogas, a tragédia humana que ela pode causar, o estado miserável que um ser humana pode chegar, as mentiras, a falta de respeito, a tendência pretensiosa de muitos, a discriminação, eu estava vacinado, já não era o mesmo. Uma noite na praia de Itapoã em Salvador, eu estava com os amigos tomando umas cervejas e se divertindo e uma menina perguntou ao meu amigo se eu era baiano, ele disse que sim, ela disse, não parece, ele carrega um ar frio. Quando o colega mim contou isso, confesso, que tive medo, senti que havia mudado, era como se tivesse uma espécie de trauma de guerra, mais sabia que era o melhor caminho, tinha que aprender a viver na selva, a vida que eu levava antes de sair do Brasil, não podia ser, a vida não é fácil, o problema na vida não é falta de dinheiro, porque isso agente dá sempre um jeito, o problema é chegar a conclusão que o ser humana pode ser podre enquanto está vivo. Bem não vou entra nessa, o mundo é o que é, e eu vou pôr ele no bolso, por isso tenho que ir.
Alemanha. Stuttigart.
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Foi fantástico essa situação, como disse antes sabia da possibilidade, mais não acreditava que fosse possível acontecer. Para ter certeza que as coisas iriam correr bem, ainda montei um teatro enfrente ao balcão da Viaza, interrogando as duas funcionárias quem ficaria responsável pelo prejuízo que eu iria sofrer em termos empresariais por não está em Lisboa na data prevista, evidente que eu não tinha compromisso nenhum, como disse antes era apenas teatro. Uma das funcionarias muito atenciosa mim disse que infelizmente não podiam fazer nada, a única coisa a fazer era hospedar os passageiros e se responsabilizar pela a hospedagem, eu poderia escolher entre 2 hotéis 5 estrelas, o Meliar hotel ou o Shereton hotel. Isso para mim foi formidável, por dentro eu estava soltando foguetes de tanta felicidade, acabei por escolher o Shereton hotel por achar mais chique. Melhor impossível.
Hotel Sheraton
Com a pose e tranquilidade de um lord inglés, tirei o cartão que estava no meu bolso e coloquei em cima do livrinho. Os olhos do caribenho ficaram o dobro do tamanho, ele mim fez uma pergunta em espanhol que simplesmente não entendi nada, mais imaginei o que era, voltou a repetir e eu com o copo de wisk na mão e uma tranquilidade no rosto perguntei para ele, sorry! Ele saiu e foi chamar um outro funcionário que chegou com um ar mais tranquilo e educado e mim disse que o gasto que fiz não estava incluso no cartão, e eu disse para ele que além de ser prejudicado financeiramente por faltar a um compromisso marcado na Europa graças a Viaza, não iria ficar responsável pela a desorganização da mesma, e que não tinha sido informado de nada com relação ao limite desse cartão, porque se fosse o caso iria jantar em outro lado, e que essa conta eles apresentassem a Viaza porque eu não iria pagar nem um centavo. Criou-se ali um pequeno silencio só abafado pela musica da banda caribenha, o simpático funcionário olhou para a cara do garçon e encolheu os ombros, depois virou-se para mim pediu desculpas e desejou uma boa estadia. Eu agradeci terminei o meu JB e depois sai de mansinho, eu estava completamente doidão, cheguei a pensar que não iria achar o quarto mais finalmente lá cheguei. Dormi feito um anjo, pela manhã acordo com o telefone tocando, todo sonolento apanhei o telefone e ouvi uma voz em espanhol dizendo que havia uma chamada telefónica para mim, se eu queria atender, disse que sim, e ao ouvir uma voz do outro lado, perguntei quem era, era o Mário muito puto e perguntando se eu conhecia mais alguém em Caracas, que era lógico ser ele. Eu tava mesmo doidão, mais depois daquela farra da noite passada, o que vocês esperavam?
Hotel Sheraton
Marcamos para nos encontrar no centro da cidade, em um restaurante chamado "Cabana Grande", sai do hotel mais não apanhei um táxi lá, porque sabia que o preço seria uma bomba, mim afastei do hotel e vi uma espécie de táxis popular curioso, eles usam grandes Jipes como táxi, só que enfiam lá dentro varias pessoas e depois vão largando nos seus destinos. Perguntei a um deles se passavam pelo centro, por que eu queria ir até ao restaurante "Cabana Grande". O Mário havia me dito que esse restaurante era conhecidissimo e qualquer taxista conhecia. Ele disse-me que o táxi não passava lá, mais eu poderia descer no "Gato Negro" e apanhar o metro até o centro, e o restaurante ficava perto da saída do metro, e foi o que fiz, nos encontramos no restaurante e fomos almoçar em um outro, já que o Cabana grande era muito caro. Foi fantástico o almoço, mais eu não tinha tanta fome, o meu jantar anterior mim deixou completamente cheio, contei ao Mário o que aconteceu e rimos muito da situação. Fomos dar uma volta por Caracas e depois a noite ele mim deixou no
hotel, não caímos na farra a noite porque eu precisava acorda cedo pela manhã para apanhar o avião.Não se esqueçam que tenho mais um jantar naquele lindo restaurante com banda caribenha, mais já não era possível repetir o filme, ao chegar a porta do restaurante já tinha o meu velho amigo garçon a minha espera com as mãos estendidas esperando o meu cartãozinho da Viaza. Também eu já não tinha tanta fome assim,eheh.
Dessa vez tive um jantar mais modesto, fiquei pouco tempo no restaurante, ainda tive direito a um whiskysito e depois fui para o meu quarto, foi um dia muito cansativo. Portugal amanhã tô ai!
Todos se informaram no hotel quanto ao horário da saída pela manhã do ónibus que nos conduziria ao aeroporto, evidentemente menos eu, embora a telefonista chegou a avisar-me quanto ao horário eu simplesmente mim esqueci e quando acordei no dia do embarque, o ónibus já havia saído, tive que apanhar um táxi na porta do hotel, o que mim custou uma grana preta, mais pelo menos cheguei no horário.
Holanda
Voltei ao trabalho só que desta vez troquei de rua, fui com o Patricy trabalhar na praça da Figueira, ficava ao lado do Rossio, era uma praça muito bonita, havia uma famosa pastelaria de nome Pastelaria Nacional, e passei a vender exactamente a frente dela. Passado pouco tempo já todos da pastelaria conheciam agente e havia uma boa relação entre nós. Praticamente eu e o Patricy estávamos quase sempre trabalhando juntos, surgiu uma boa relação de amizade entre agente, a típica e tradicional desconfiança que imperar nesse meio, tinha se reduzida, era como se tivéssemos aprovado um ao outro.
Um dia enquanto trabalhava na praça conheci um brasileiro muito simpático já com os seus 60 anos que estava em Portugal para participar de uma exposição de arte, o ramo de trabalho dele era completamente diferente do nosso, ele fazia quadros de brasões de família, era uma técnica realizada sobre uma espécie de folha de latão, que depois de desenhado o brasão em alto relevo era colocado um produto endurecedor e o brasão ficava parecendo uma escultura em bronze e depois era colado sobre uma grande folha de couro a qual levava uma vara no alto para mante-la imóvel e que pudesse ser exposta na parede, lembrava-me aquelas bandeiras medievais em que os cavaleiros conduziam quando ia as batalhas, ok, não perceberão nada, mais vou ver se mim lembro de pôr uma fotografia exemplificando ok. Era um bonito trabalho e ele tinha ganho um bom dinheiro nessa exposição.
Era um mineirinho muito esperto, já não mim recordo do nome dele porque o chamava sempre de mineirinho. Ele mim disse que onde morava pagavasse muito pouco e valia a pena, era muito próximo da praça da Figueira, consequentenmente do centro. Eu resolvi ir lá conhecer, imaginava qual seria o porem disto tudo, embora o mineirinho mim parecia uma pessoa séria, eu já estava calejado naquela vida e sabia que toda coisa quando era boa, tinha sempre um porem. Fui lá, afinal se tratava de um prédio grande e antigo, em que o subsolo como era muito amplo, ou melhor, do tamanho do prédio, o dono resolveu fazer vários escritórios em que o mineirinho alugou um e transformou em moradia, aquele local em termo de segurança, era zero, porque só havia uma entrada, e lá dentro como era um subsolo janelas nem pensar, mais a ideia foi realmente boa embora o dono do prédio, como dizem aqui, o "senhorio", não permitia que utilizassem os escritórios como casa, mais como ele ia saber, não seria tão fácil já que raramente ele aparecia. É uma maneira de pensar estúpida da minha parte, mais infelizmente as coisas funcionam assim nesta área. Como havia uma casa de banho no fundo do corredor, já não faltava nada, mais atenção, só havia uma casa de banho.
Aluguei um escritório e fui morar para lá, o prédio ficava na costa de Castelo de São Jorge, no bairro da Mouraria, era um bairro semelhante ao da Alfama, casas velhas, roupas penduradas nas janelas, muitas roupas mesmo, as vezes a ponto de esconder a casa que na maioria das vezes eram pequenas, na parede no meio daquelas roupas todas, havia sempre uma gaiola com um passarinho enclausurado, e na base da janela, muitas flores e canteiros. Era uma paisagem romântica, uma pobreza simples e humilde e as pessoas eram felizes ali, como sempre muitas tascas distribuídas por vários lados, e também a epidemia que parecia está tomando conta de Lisboa, haviam muitos drogados, ladrões, e prostitutas. A propósito das prostitutas, eu em toda minha vida nunca tinha visto tantas putas feias, era um verdadeiro festival de terror, quando morava em Salvador e ia passear para o lado da Praça da Sê onde havia movimentos de prostitutas, ficava surpreso com a qualidade das mesmas, parece estranho falar assim, como se eu estivesse avaliando uma lata de feijão, mais elas eram mesmo bonitas a ponto de nos pôr em tentação. Mais em Portugal, principalmente naquela praça era uma verdadeira desgraça. Colocando-me no lugar de um Português iria dizer que é normal, que o Brasil por ser um pais pobre tem muitas prostitutas, mais a questão não é quantidade é mesmo qualidade. Se levarmos em conta que nas últimas estatísticas, Portugal foi considerado como um país que mais de 50% da população é obesa, oh seja, da metade que sobra vamos retirar as"gordas", porque obesa é uma coisa, gorda é outra, após retirar as gordas vamos retirar as feias o que acham que vai sobrar, portanto um país de apenas 10.000.000 milhões de habitantes, não esperem encontrar uma gata a cada esquina, mim recordo de uma velhinha que trabalhava na prostituição que devia ter pelo menos uns 90 anos, nós brasileiros nos interrogávamos de como era possível aquela vôvô está levando uma vida daquela, e se estava é porque havia clientes, que homem desse mundo teria coragem de encarar um 11 de setembro daquele na cama? O ser humano é mesmo louco.
Ele não fazia ideia que o negócio consistia em morar e fazer dos escritórios casa. Se recordam que só morava lá eu e o mineirinho, fomos os desbravadores da Escadinha Marques Ponte de Lima, era assim que se chamava o nosso endereço.
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