quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PARTE 3º. A história de um imigrante brasileiro baiano na Europa. Anildo Motta 3º PARTE

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Itália, Veneza.



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    Comecei a pintar mais aquarelas com uma qualidade bem melhor, comprei alguns livros referente a essa materia ensinando a pintar na papelaria fernandes, a grande loja que entrei a primeira vez que cheguei a Lisboa, ai então comecei a desenvolver. Para diversificar a apresentação, também comecei a pintar uns trabalhos abstractos em folhas grande tipo a do Roberto, assim podia vender um pouco mais caro e jogar com o preço.

    As vezes não apareciam todos na rua, principalmente o Paulo, quando havia muita gente vendendo na rua do Carmo ele ou ia para Rua Augusta vender e aturar os policias, ou ia para o castelo de são Jorge. Trabalhar no castelo era fantástico, era um sonho trabalhar em um lugar tão bonito, era o tempo todo entra e sai de turistas, tirando fotos, sorrindo, era um ambiente fantástico.
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    Quando havia pouco movimento eu ia para o outro lado do castelo que dava vista a toda cidade de Lisboa e ficava admirando aquela paisagem, era tão bonita. Havia antigos canhões da época das invasões apontados para o rio Tejo, eu as vezes ficava sentado em cima desses canhões desenhado e ao mesmo tempo contemplando aquela paisagem. Era possível de lá ver o grande centro comercial recentemente construído em Lisboa, que era o "Amoreiras" e que causou na altura o maior reboliço pelo fato de alguns considerarem uma obra com uma arquitetura muito moderna e arrojada não combinando com o estilo da área existente, eu sinceramente não vi nada de mais, mais pronto. Costumava ir sempre lá ao cinema e era um bom lugar para conhecer umas portuguesinhas, e mim diverti um pouco.

    Um dia estava na trabalhando na rua e conheci um brasileiro de uma personalidade admirável, ele se chamava Mário, era de Minas Gerais, eu o chamava de mineirinho. O Mário era vendedor de artesanato, um cara muito inteligente, o trabalho dele consistia em viajar pelo Brasil comprando artesanato em quantidade e bem barato, e trazia para vender em Portugal, ganhava muito dinheiro, tinha uma história como o da maioria das pessoas que vivem pelo mundo, simplesmente fantástica, era chegado também a um raxixizinho, mais era uma pessoa muito moderada, já tinha levado muita pancada da vida e conseguiu se equilibrar. O Mário era o que chamamos no Brasil de menino de rua, foi criado na rua, no meio de toda a malandragem e violência típicas das grandes cidades Brasileiras. A mãe do Mário possuía 2 filhos, era o Mário e um outro rapaz que já não mim lembro o nome, ela era muito pobre e não tinha condições de educa-los, por isso, o mais velho foi entregue para adopção e teve a sorte de ir viver na casa de uma família bem abastada, o Mário ficou com a mãe, e no final acabou virando menino de rua, um dia saiu de casa, e a rua passou ser a sua moradia, pelo visto era melhor. Passou por situações que deixava até o diabo assustado, sobreviveu a tudo isso, conheceu uma garota na altura que o fez escolher o bom caminho, e acabou por se transformar em um cidadão normal e trabalhador. Nunca me esqueço de uma história que ele mim contou de quando era criança, no dia de Natal ele via todos os garotos, filhos de famílias ricas com presente, bibicletas, bolas, jogos, e ele não tinha nem o que comer, quando um garoto filho de uma dessas famílias rica, parou para conversar com ele e mostrar a bicicleta que havia ganho no Natal, o Mário pediu para dar uma voltinha e nunca mais voltou, ou melhor, roubou a bicicleta do garoto riquinho, e numa cidade como o Rio de Janeiro, ninguém encontra ninguém. Era um cara simplesmente excepcional, foram muitos almoços e muitas aventuras que tivemos. Depois foi embora vender para Espanha, pensei nunca mais encontrar o Mário, mais a vida é mesmo louca, o mundo é realmente pequeno e mais a frente vocês saberão porque.

Alemanha, Stuttigard


 Na hora do almoço gostava de descer para zona baixa da cidade para almoçar, não gostava de almoçar na Alfama, na baixa havia uma variedade maior de restaurantes e tinha um que eu gostava muito de frequentar, era o restaurante da "Abelhinha", abelhinha era o nome da portuguesinha filha do dono que trabalhava lá, era muito divertida, trabalhava feita uma doida, o pai era o típico português que só pensava em ganhar dinheiro, a mulher dele era a cozinheira, muito simpatica e eu gostava de ir sempre lá, escrevendo isso agora mim deu saudades daquela comida e do vinho do restaurante da abelhinha.

    Fiquei sempre alternando entre a Rua do Carmo e o Castelo de São Jorge, o fato de não ir sempre para o castelo era porque tinha que subir uma verdadeira montanha até chegar lá e por preguiça preferia ficar pela baixa, até que resolvi encarar a Rua Augusta e correr o risco de ter um contacto imediato do 3º grau com um policia,e ai lá fui eu. Dei sorte nos primeiros 2 a 3 dias, até que um belo dia estava compondo uma aquarela que estava fora do lugar, quando sinto uma pessoa parada ao meu lado bem perto de mim, só via os sapatos dele quase que colado em mim, levanto-me e de repente vejo um homenzinho de 1.50 a 155 que se dizia policia, olhando para mim de baixo para cima, já que na altura eu já media 1.90m, e com o ar arrogante virou- se para mim e disse, fora daqui imediatamente se não prendo tudo isso. Ok, que ele era policia a paisana, tudo bem, mais eu não estava habituado a ser tratado dessa maneira e não iria permitir que ele falasse assim comigo, e ainda mais se tratando de uma figurinha como aquela. Sem pensar, e com a atitude desafiadora, normal para um jovem adolescente de 22 anos que não estava habituado a esse tipo de tratamento bruto e arrogante, virei para ele e disse que para prender o meu material, primeiro ele precisava crescer e virar um homem, porque sozinho ele não era capaz. O Portuguesinho ficou fulo da vida, mexia para um lado, mexia para o outro e quando viu que eu estava decidido, e estava mesmo, puxou de um radio e chamou os seu colegas.

Paris, Catedral de Notridame

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    Passado nem 10 minutos chega uma carrinha da policia com 3 policias, vieram na minha direcção e eu fazendo de conta que não percebia nada, um deles exclamou, o que se passa aqui? Quando o policialzinho muito puto disse que eu o queria agredir e negava a tirar o meu material da rua, portanto eu deveria ser detido e conduzido a esquadra. Esquadra em Portugal é delegacia e carrinha da policia era um Furgão. Então o policia mais excitado mim perguntou, Você está querendo agredir uma autoridade? E eu inocentemente disse, não de forma nenhuma, para começar não sabia que esse cara era policia, ele chegou aqui falando bruto comigo e naturalmente eu reagi, pensei que fosse um vendedor de droga. É que na rua Augusta havia sempre vendedores abordando os jovens oferendo raxixi. Raxixi é uma espécie de pasta feita a partir de uma erva tipo a maconha que eles põe no cigarro para fumar. E ai é que o policiasinho ficou passado, ele ameaçou mim agredir, como estava com os colegas podia se proteger se escondendo atrás deles. Aquilo foi uma confusão, as pessoas que iam passando paravam para ver o que estava acontecendo e cada vez mais concentravam-se gente que começavam com criticas a policia, exclamando palavras do tipo, deixem o rapaz em paz!, não ver que ele está trabalhando honestamente!, por que vocês não vão atrás dos drogado e ladrões que estão soltos por ai? Aquilo foi um verdadeiro barraco e os policias não estavam acostumados a serem desafiados dessa maneira por um vendedor de rua, não sei se devido a ditadura que deixou marcas na sociedade ou as enormes responsabilidades que possuíam e não queriam perder tempo com estes tipos de problemas. Tudo bem, compreendo que ele estava fazendo o trabalho dele, só acredito que ele deveria ter um mínimo de educação e não falar com uma pessoa que ele não conhece de lado nenhum desta maneira, tudo indicava que aquele modo grosseiro e prepotente tinha sido alimentado por muitas pessoas que ele já deveria ter desrespeitado, e baseado nisso é que reagi desta maneira
    Resultado, mim levaram preso. Fui conduzido até ao carro da policia e levado até a esquadra de palhavã. O policiasinho estava tão puto comigo que tentava incentivar os colegas a me agredirem, mais não teve sorte, mesmo porque um dos polícias já me conhecia e alertou o colega para que se comportasse.

Mosteirio dos Jerónimos Lisboa


Ao chegar a esquadra fui ser interrogado pelo responsável que mim perguntou se é verdade que eu queria agredir uma autoridade. Eu responde evidente que não, e dei a mesma desculpa que tinha dado anteriormente ao colega dele. Então o policia mim perguntou se eu não sabia que era proibido a venda ambulante na rua Augusta, eu respondi que não, tinha acabado de chegar a Portugal e como tinha visto algumas pessoas vendendo na rua pensei que não tivesse problema. Bem no final de tudo depois de receber um longo sermão, me alertaram que se caso quisesse recuperar o meu material, teria que pagar uma multa que era de 30 euros. Então paguei a multa já que esse valor correspondia a apenas 2 aquarelas das pequenas e como eu tinha bem mais que isso, valia a pena. Sair de lá e fui apanhar o metro para o Rossio depois mim dirigí para o Castelo de São Jorge onde consegui passado algumas horas recuperar o prejuízo. Não pensem que foi a primeira e ultima vez, isso acabou por ocorrer varias vezes porque eu acabava sempre retornando a rua Augusta e era sempre apanhado, e o engraçado de tudo é que acabei criando uma boa relação com os policias da esquadra de Palhavã pelo fato deles saberem através dos outros que eu não usava drogas e apenas procurava trabalhar honestamente, embora de forma ilegal, já que a Câmara Municipal de Lisboa, ou melhor, a prefeitura, não cedia licença a nenhum vendedor. Chegava ao ponto de eu ser alertado pelos policias de quando iria haver um operação por parte da policia municipal. Um dia estava passando pelo Rossio em direção a Rua Augusta, quando uma viatura da pólicia parou ao meu lado e de dentro um dos policias exclamou, "Ver se não aparece na rua Augusta hoje pela manhã, vamos fazer uma limpeza, eu sorri e fiz um gesto do tipo, ok, e ia para a costa do castelo.

Câmara Municipal de Lisboa

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    Eu continuava hospedado na pensão Central, depois de ir mim adaptar ao trabalho e ao sistema, cheguei a conclusão que deveria mudar, eu pagava 10 euros por dia, e havia muitas pensões mais baratas, assim mim dizia os colegas da rua. Nesse dia aparece o John acompanhado de um rapaz chamado João, ele não era artista e nem vendedor ambulante, dizia o John que ele era professor de geografia. No fundo eu estava pouco mim linchando se era verdade ou não, de fato ele demonstra um certo nível intelectual e tínhamos boas conversas referentes a história, politica e actualidades, era diferente dos demais. O porem estava no fato de ser um viciado em heroína, assim como o John. Vou adiantando para vocês que ambos neste momento já se encontram mortos, passado 1 ano morreram de overdose.

    O João morava em Algés, era bem próximo de Lisboa, mim disse que havia em Algês uma senhora que alugava quartos e era bem barato, eu iria pagar bem menos. Acabamos apanhando um eléctrico que tratavasse de um bonde, e fomos para Algês falar com essa senhora. Era uma senhora muito simpática gostou de mim de imediato e disse que só havia vaga em um quarto grande que era divido por 5 pessoas, achei aquilo demais, mais o preço era simplesmente baixo, eu iria pagar apenas 50 euros por mês com roupa lavada, limpeza do quarto e as arrumações, tudo estava incluídos. Esse valor equivalia a 10 dias na pensão Central. Para terem uma ideia na pensão eu gastava 300 euros por mês, portanto iria ser uma economia muito grande, em praticamente 2 dias de trabalho eu já tinha o dinheiro para o aluguel.



Ok, mais antes eu queria conhecer as pessoas das quais eu iria dividir o quarto. Se tratava de 2 angolanos e 2 portugueses. Em Portugal eu como disse no inicio, tomei conhecimento de muitos actos de racismo. A senhora da pensão embora muito simpática, mais se relacionava aos angolanos de forma extremamente racista. Um chamava-se, Eduardo e o outro Jóse, ambos trabalhavam na construção civil, ao ser apresentado a eles, mim simpatizei de imediato com eles, porque com o pouco tempo de experiência em Portugal e no meio daquelas pessoa com problemas de drogas que trabalhavam na rua, eu já sabia detectar um possível viciado em drogas, e sabia que um viciado em drogas não encara um trabalho na construção civil, é um trabalho extremamente pesado e a pessoa necessita ter um bom preparo físico e tanto o Eduardo com o José o tinha. Ambos eram trabalhadores natos, e pagavam todos os meses sem nunca atrasar. Enquanto os outros 2 portugueses vim descobrir depois numa noite simplesmente pavorosa que se tratavam de viciados, atrasavam a renda da casa e nunca paravam em trabalho nenhum, no entanto a senhora da casa tinha muito mais respeito por eles do que pelos 2 angolanos. Se referiam ao angolanos como, "Os pretos pá!!
    Quanto a noite pavorosa que tive, ocorreu o seguinte, a 1º semana na casa com apenas os 2 angolanos tudo corria perfeitamente, eles chegavam do trabalho cansados portanto dormiam cedo e não atrapalhava em nada, as vezes eu é que chegava de madrugada depois das minhas farras no bairro alto, mais procurava ter o maior cuidado para não acorda-los. Nessa 1 semana os 2 português estavam fora, mais finalmente e infelizmente chegaram. E chegaram numa noite de madrugada enquanto eu e os angolanos dormíamos.     Acordei com uma cena simplesmente surreal. O quanto era grande e comprido e a cama deles se encontrava no fundo do quarto. Acordei com o sussurros de varias pessoais, as luzes estavam apagadas, mais do fundo do quarto havia a luz de uma vela e em torno dela 5 rapazes, a luz da vela criava uma sombra sobre a parede que parecia um filme de terror. A impressão que tive de inicio é que estavam rezando todos em volta da vela, mais nas mão não tinha uma bíblia e nem um terço e sim, uma seringa, uma colher grande e espremiam um limão para cima dela, estavam preparando a herónia para se injectarem dentro do quarto. E eu comecei a chama-los utilizando daqueles palavrões bem feios demonstrando a minha raiva com relação aquela atitude. Eles acharam estranho porque tinha ouvido falar que eu era amigo do João, portanto para ser amigo do João só poderia fazer parte do mesmo clube de drogados.
    Quanto aos angolanos não gostavam de se meter, mim disseram que já estavam acostumado com aquela cena, mais eu não. Acabei por deixar a casa e fui morar em Lisboa em uma pensão pequena e simples mais muito acolhedora, administrada por um casal de idosos.

Holanda, Amsterdam.

Era impressionante a facilidade com que os jovens conseguiam ganhar dinheiro na rua. Me recordo de um dia está indo para casa, quando um rapaz com um aspecto muito triste, chorando e pedindo pelao o amor de Deus que o ajudasse com qualquer valor, qualquer moeda, estava completamente desesperado porque a mãe estava morrendo de câncer, e ele já não tinha dinheiro para os medicamentos dela para aliviar a dor, e era filho único e eles não tinham mais ninguém. Fiquei sensibilizado com aquela situação que foi profissionalmente muito bem encenada, acabei por dar algum dinheiro a esse rapaz, ele agradeceu e foi embora, passado alguns dias encontro ele conversando com o João, quando me viu foi fugiu, e João é que me disse que ele facturava por mês mais de 3000 euros só mendigando e usando aquela técnica, havia pessoas que passavam cheque por não ter dinheiro o suficiente na carteira, a minha vontade foi de encher ele de pancada era enorme, coitado, também já não está entre nós, já foi para junto do João e do John.

Torre de Belém, Lisboa.

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    Teve um repórter português que fez uma matéria interessante sobre a mendigagem em Portugal. Ele se fez passar por mendigo durante um mês na rua Augusta, preparou todo um cenário de pobreza bastante convincente, ou seja, roupas velhas e propositadamente sujas. Resultado, passado um mês fez uma matéria para o jornal revelando que conseguiu ganhar muito mais como mendigo do que como repórter no jornal. Eu presenciei por diversas vezes pseudo mendigos, sabia onde se encontravam para beber e fazer festas, eu conhecia de vista um cego que tinha uma FZR1000 Yamaha, ou melhor, uma moto topo de gama, e eu que sou apaixonado por motos fiquei delirando quando a vi. Era assim o ambiente em Portugal quando cheguei, evidente que a boa situação económica facilitava esses tipos de vigarisses, as pessoas não questionavam quanto essas possibilidades daqueles pobres coitados estarem mesmo precisando ou naõ de ajuda, apenas queriam se ver livres deles dando-lhes dinheiro e fazendo uma boa ação, como são muito religiosos e acreditam fielmente em Fátima, deviam achar que assim estarião garantindo um lugar no céu, sem saber eles que estavam alimentado uma cultura de drogaos e vigaristas.


    Já passado algumas semanas, quando estava chegando a rua do Carmo pela manhã para trabalhar, havia um francês aparentado os seu 45 a 50 anos que se chamava Patricy Derieux, e acabei por conhece-lo. Ele já era muito conhecido no meio dos vendedores ambulantes e artistas plásticos , era uma pessoa muito reservada, não dava muita conversa ao pessoal, só o estritamente necessário, e tudo indicava que tinha um segredo qualquer assim como a maioria, e que na maioria das vezes não era nada bom.

    Nesse dia eu estava trabalhando ao lado dele, quando mim pediu para passar o olho no material, porque ele iria ficar ausente por mais ou menos 1 hora. Tudo bem eu cuido do material vai tranquilo, passado exactamente 2 hora ele retornou, mim convidou para tomar um copo e ficamos conversando. Ele era parisiense conhecia muito bem paris, depois acabei por confirmar quando fomos visitar a família dele. As historias que ele me contava da sua vida em Paris era alucinante, mim recordo quando ele mim disse que quando jovem trabalhou em um mosteiro em Paris, era responsável por arrumar a igreja fazer as limpezas, e ajudar o padre, ou seja, o famoso coroinha, e tocar os sinos chamando os fieis para a missa, e nesse mosteiro haviam muitos padres e geralmente a noite no jantar muitos deles ia para cama completamente bêbados, o vinho era sagrado, era o sangue de Cristo, e eles gostavam muito de sangue pelo visto.

    Era uma pessoa muito inteligente, mais como a maioria tinha sempre o seu porém, com relação as drogas também as usava só que de forma muito mais controlada e era raxixi.

    Eu já tinha ganho trabalhando na rua um bom dinheiro, já tinha conta no banco e um cartão de credito e já estava querendo deixar Portugal, mais ouvia falar muito do Algarve, diziam os artistas que era um excelente lugar para ganhar dinheiro, acabei indo lá confirmar e era realmente verdade. As praias do Algarve me conquistaram, eu adorava o mar, portanto poder trabalhar próximo dele para me era fantástico, o Patricy foi comigo, o que pintávamos vendíamos.


    O Patricy tinha uma forma de viver incrível e muito curiosa, quando ele ganhava dinheiro fazia questão de gastar frequentando lugares finos e caros, gostava de ostentar, vivia como se fosse morrer para semana, as vezes ficava completamente teso, e eu falava para ele, se não tivesse pago 40 euros em um almoço naquele restaurante tinha dinheiro o suficiente para comer uma semana, mais ele não ligava, eu contestava mais achava interessante aquela filosofia de vida e acabei por alinhar com ele várias vezes nessas doideiras, foi assim que tomei conhecimento dos melhores vinhos franceses, dos melhores scargots da Borgonha, scargots eram caracois e Borgonha uma região de França que os criavam, e que os criadores franceses antes de os preparar deixavam-os 5 dias sem se alimentar, só bebendo agua e comendo ervas aromaticas, uma maravilha da cozinha francesa, embora muitos falam mal dizendo ser mais etiqueta do que comida. Aprendi muitas coisas com o Patricy Derieuxs.

    Durante o dia pintava dezenas de aquarela pequenas tipo as do Alberto Martins, com temas de barcos pesqueiros, fazia dez a quinze imagens diferente depois colocava passpatoo e a noite a partir das 21 horas íamos para a entrada de um túnel que dava para praia com muitos restaurantes em volta e aquilo era uma loucura, as vezes ficávamos menos de 1 hora e vendíamos tudo, era na praias de Albufeira. Eu começava a enfiar dinheiro nos bolsos que as vezes tinha que parar tudo e ir a casa de banho, ou melhor, ao sanitário, esvaziar os bolsos que já estavam abarrotados de notas, aquilo era um sonho. Quando já não havia o que vender eu ia para uma discoteca que havia, o nome era seven-and-haf, e lá me perdia no meio das francesas e das inglesas. Meu período de Algarve foi uma loucura total, até hoje agradeço a Deus de ter saído de lá vivo, o problema dos artistas em Lisboa eram as drogas e o meu eram as mulheres, eu me metia com muitas malucas e tive a sorte de não apanhar nenhuma doença, foi muita sorte.

    A maioria das garotas que frequentam o Algarve no verão, são as inglesa, alemães e francesas, quando chegam depois de um ano trabalhando duro no país delas, chegam ao Algarve com objetivo de extravasar fazer o maior estrago e depois voltar para o seu país, retornar as suas vidinhas monotona e trabalhadoras, é um perigo. Ok , vamos mudar de assunto.


    Quando terminou o verão retornei a Lisboa, comprei uma passagem aérea directo para Salvador Brasil, ia visitar a minha família e chegar de peito levantado como havia previsto, não ia chegar com tanto dinheiro, isso não, pelo fato de ter queimado boa parte dele no Algarve, e com as ostentações que participava com o Patricy, indo comer em restaurantes caros e luxuoso. A próposito, lembram quando conheci o Patricy e ele pediu para eu passar o olho no material dele enquanto ele ia resolver um probleminha durante algumas horas. Pois é, depois dessas aventuras com ele no Algarve, um dia que estava cheio do vinho, e acabou confessando que era casado com uma brasileira de Vitória do Espírito Santo, quando ela estava vindo para Portugal se encontrar com ele foi apanhada no aeroporto com 1 kilo de cocaína, e apanhou 12 anos de prisão, e naquele dia ele tinha ido visita-la por que tinha tentado na prisão se enforcar com um lençol, é mole! quer mais? acreditem, vocês ainda não viram nada! Deixa só eu voltar do Brasil.


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